(Publicado originalmente no site do jornalista Claudemir Pereira - www.claudemirpereira.com.br)
Ficar no muro pode ser cômodo. Mas às vezes tu podes cair para um lado nada tranquilo, ideologicamente falando. Não. Não me refiro em um lado partidário. Escrevo sobre a ideologia de vida. Que é estar do mesmo lado desses seres raivosos e sem noção que pedem o retorno do regime militar e berram contra regiões do país.
Acompanhei pessoas que bradaram por todos os direitos, mas que agora, de forma lamentável, não buscam defender o principal: a Democracia!!!
Luiz Alberto Cassol
Ficar no muro pode ser cômodo. Mas às vezes tu podes cair para um lado nada tranquilo, ideologicamente falando. Não. Não me refiro em um lado partidário. Escrevo sobre a ideologia de vida. Que é estar do mesmo lado desses seres raivosos e sem noção que pedem o retorno do regime militar e berram contra regiões do país.
Ficar vendo a vida passar e não tomar posição pode ser
interessante para muitos. Mas, tem seu preço. Tem gente que fica no muro a vida
inteira. Sobre qualquer assunto. Muita gente até tem opinião, mas prefere não
tornar público. Discordo, mas respeito. Acho que cada um age da forma que julgar
melhor. Outros se posicionam.
Nas eleições isso ficou muito transparente. Houve quem
continuou no confortável murão e aconteceu de quem se mostrou. Tiveram
posicionamentos mais exacerbados, outros menos. Eu defendi meu voto em Tarso e
Dilma todo o tempo. O fiz com veemência, mas não faltei com o respeito a
ninguém. E foi assim que agi com quem pensava o contrário.
Abre parêntese. Não sei se é natural, mas foi assim nessas
eleições. Ficou evidente, só o fato de ter um lado fez com que muitos
desfizessem as amizades virtuais ou reais. Se por um lado amizades foram
desfeitas, por outro lado revelou quem não tolera ver a opinião contrária.
Então é melhor desfazer a amizade do que agredir com todo o tipo de xingamento
que se possa imaginar ter de ler. Daí
cabe a cada um tomar a decisão que supor necessária. De manter, ou não, a amizade
nas redes sociais e na vida real.
Tive uma atitude na eleição. Postei o que julguei necessário
em minha linha do tempo e não escrevi em postagens de outros que eram pró
Aécio. Achei que seria um caminho certo. Hoje, tenho absoluta certeza que foi. Para
ficar na eleição presidencial e no segundo turno, eu e milhares escolhemos a Dilma,
e muitos outros, Aécio. Confesso que algumas pessoas que escolheram Aécio me
surpreenderam, pois imaginava que pensassem de outra forma. No entanto, nosso
respeito mútuo fez com que aceitássemos as postagens uns dos outros. Não
ficando no famoso muro citado no início desse artigo. Fecha parêntese.
Depois da eleição um fato me incomoda muito nessas últimas semanas.
Nas redes sociais durante o primeiro e o segundo turnos das eleições, teve
gente se posicionando pelos direitos humanos, por benfeitorias sociais, pelo
meio ambiente, por menos corrupção, mais saúde, mais educação e por aí vai. Aliás, por tudo aquilo que a maioria de nós
deseja.
Então, veio a contagem de votos e a presidenta Dilma se
reelegeu para o regozijo de milhares de brasileiros e brasileiras. E, após
eleita, democraticamente passa a ser a governante do Brasil. Isso é a
democracia.
Após isso, começou uma enxurrada de mensagens repletas de
ódio e preconceito aos nordestinos postados nas redes e em manifestações
pontuais nas ruas.
Em paralelo, alguns seres humanos pedindo a volta do regime
militar. Fomos capazes de ver em uma matéria televisiva a insanidade de um
homem erguendo um cartaz pedindo “intervenção militar” e, logo atrás, uma
mulher segurando outro cartaz onde estava escrito “quero dizer o que penso”. É
a cena mais patética que vi numa tela de televisão. Num regime militar não tem
“o que penso”. Tem o que eles pensam e cumpra-se!
Então, volto a minha análise: a maior parcela – grifo que não
estou dizendo todos - que votou na Dilma se posicionou contra esses atos.
Pois bem, para minha surpresa, muitos que votaram no Aécio e
que escreviam nas redes sociais, ou seja, tinham posição, agora não escreveram
uma linha sequer contra isso. Grifo muitos, não todos. Não sei se ficaram sem
graça, se foi o fato de o candidato ter sido derrotado. Realmente não sei. Não! Não me tire para fiscal. É fato. Em minha
percepção muitas pessoas que votaram no Aécio não pactuam com tais postagens
raivosas, e penso que não se sintam a vontade para agora escrever. Talvez o motivo que tangencie essa postura é ser
adverso a quem venceu a eleição. Todavia se Dilma venceu no voto, na urna e na
democracia porque os eleitores de Aécio não se revelam contra esses atos
tristes, lamentáveis e senis?
Penso que o velho e bom muro foi a escolha de muita gente. Como
falei no início cada um se comporta em uma eleição como quiser, eu respeito. O
que não consigo entender é porque não houve uma enxurrada de pessoas pró Aécio
que tivessem dito não a esses atos xenófobos e contra a democracia.
Quero
reiterar: os mesmos que se situaram nas redes sociais na época da eleição.
Acompanhei pessoas que bradaram por todos os direitos, mas que agora, de forma lamentável, não buscam defender o principal: a Democracia!!!
Luiz Alberto Cassol